segunda-feira, 21 de julho de 2008

Zé Canta Beatles


O CD duplo Álbum Branco em homenagem aos 40 anos do disco dos Beatles terá a participação do com a música "Dear Prudence", o cd vai ser lançado ainda este ano pela gravadora Coqueiro Verde de propriedade do cantor Erasmo Carlos.


sábado, 19 de julho de 2008

Entrevista (2002)

Aos 52 anos de idade e 27 de carreira, o cantor e compositor Zé Ramalho encarna como poucos a decantada capacidade de sobrevivência do povo nordestino. Nascido em Brejo da Cruz, sertão da Paraíba, ele foi tentar a sorte no Rio de Janeiro nos anos 70, sem ter onde morar. Dormiu na rua durante um ano, chegou ao sucesso logo no primeiro disco, mas também conheceu o outro lado da fama. Derrubado pela cocaína, caiu no ostracismo até provar que é, antes de tudo, um forte. Lançando novo disco pela BMG, O Gosto da Criação, só de músicas inéditas, fato raro no mercado fonográfico, o compositor dá prosseguimento à recuperação consolidada em 1997, com o sucesso de Antologia, que celebrou os 20 anos de carreira. Três casamentos – atualmente divide o teto com a economista Roberta –, e pai de seis filhos (entre 6 e 27 anos), Zé Ramalho é hoje um sujeito preocupado com as “irresponsabilidades dos filhos”.

Por que lançar um disco só de músicas inéditas?
Meu disco de estréia, em 1977, tinha “Chão de Giz”, “Avohai” e “Vila do Sossego”, que viraram sucessos. Quando começo uma carreira assim, tenho que respeitar esse compromisso com a força da criação. Hoje tudo é mais fácil quando você regrava músicas conhecidas. As gravadoras torcem o rosto para um disco de inéditas, mas sabem que há uma geração de compositores que tem de ser respeitada.

Hoje é mais difícil trabalhar?
O sistema está muito mais selvagem. Nos anos 70, havia uma carência de autores na música brasileira. Hoje é essa profusão de jogadas, de gente que vira artista da noite para o dia. O sujeito entra numa Casa dos Artistas e depois de 15 dias sai um artista, com disco, fã-clube.

Acha que se adaptaria se começasse hoje?
Não teria chances hoje, que se exige um padrão de beleza. Você tem que ter corpo bonito, não pode ter barriguinha. Nem eu, nem Fagner, Alceu, teríamos chance, porque somos os antigalãs. O formato da gente é o de compositor nordestino. Se chegássemos hoje, íriamos disputar o espaço com um monte de bonitões aí, que fazem três acordes e impressionam.

Como se mantém ativo?
Procuro ver como passar com meu trabalho diante desses fenômenos. Nesses 27 anos, vi aparecer e desaparecer muitos artistas. Surge o Tiririca com a tal da Clementina, e no outro ano some. Todo mundo quer ter seus 15 minutos de fama, não importa como. As mulheres cada vez mais siliconadas, os homens querem ser altos, têm de usar salto alto se são baixos, botar bunda de borracha atrás se não estão bem equipados. São os recursos que as pessoas usam pra chegar onde querem. Se me revoltar com isso, terei mais dificuldades ainda.

É verdade que você foi garoto de aluguel?
Isso foi na época da ditadura. Os militares estavam atrás dos comunistas e não perturbavam os hippies que queimavam fumo no Pier de Ipanema. Chegamos ao Rio, um bando de cabeludos jagunços do Nordeste metidos a hippie. E, nessa história de queimar fumo, pra conhecer as pessoas, viramos ratos de shows. Havia as groupies, garotas que iam ao show a fim de transar com o artista, ou com os músicos do artista, ou com qualquer aficionado. Nessa seqüência você acaba sorteado. No outro dia dormia num quarto de motel, elas tinham pena da gente e davam um troco pra refeição.

O que mais fez para se virar no Rio?
Já empurrei cadeira de aleijado, bati santinhos em gráfica, mais de mil por dia, e achava divertido, sabia que era passageiro. Dormi na rua o ano de 1976 inteiro. Muitas vezes em frente ao Copacabana Palace. Naquela época dava para dormir ali sem ninguém te assaltar. Os policiais te acordavam. Aí mostrava a identidade e dizia “sou do Nordeste, vim tentar a sorte como artista”. O camarada te olhava e dizia “cuidado, hein, pau-de-arara”, e te deixava.

Está rico hoje?
Tenho um apartamento no Leblon (zona sul do Rio) e uma casa na praia lá no Nordeste, pra passar férias. Já é o suficiente, e tenho que ter dinheiro pra bancar irresponsabilidade dos filhos, que começam a fazer netos aí.

Já é avô?
Tenho dois netos, e sobra pra quem? Pro avô. Disse para o meu filho (João, 22, pai de Joana, de 3 meses. A outra neta é Esther, 3, filha de Maria Maria) que hoje, quando se fala abertamente de sexo, não admito você chegar e dizer que engravidou uma menina por acidente. Não quero ouvir nada disso, porque quando tinha a idade dele fiz tudo o que ele faz hoje e não emprenhei ninguém. Meus filhos são todos feitos de casamentos. Acho que sexo é uma coisa normal. Não é normal você engravidar com 16 anos. Quer ter filho, deixa pra depois dos 30.

Mas não fica o orgulho de avô?
Fica. Mas família é bom pra tirar foto, depois é só problema. Sou aquele avô que tira a foto com o neto e depois diz “toma, que o filho é teu”. Minha filha mais nova (Linda) tem 6 anos. Até os 50 ouvi choro de criança em casa. Não agüento mais. Neto pra passar fim de semana comigo, nem morto.

Como foi seu envolvimento com cocaína?
Vim morar no Rio em 1984, quando acabou meu segundo casamento (com a cantora Amelinha). Naquela época o Cartel de Cáli espalhou a cocaína pelo Rio. Ia às festas e gostava. Só não esperava que o envolvimento fosse tão grande. Fiquei muito preso a isso, a ponto de a qualidade do meu trabalho começar a decair. Ficava horas sem dormir. As gravadoras perceberam que eu não queria mais gravar programas, na televisão não podia estar muito crispado, com o rosto transfigurado. Isso pesou e me deram um tempo. Concluí o último contrato em 1987 e fiquei quatro anos parado. Ficava em casa cheirando direto, eram horas sem dormir, virava noites bebendo, fumando e ouvindo música. Não fazia mais nada. Para muitas pessoas eu já tinha encerrado a carreira.

Como largou a droga?
Cheguei a um ponto que parei e disse “não vim de tão longe pra terminar minha vida desse jeito”. Estava perto do grande abismo, da morte. Podia ter uma síncope cardíaca no meio dessas farras. Continuava a fazer shows, mas eram pelo interior do País, porque estava fora da mídia, sem gravar. Aí vieram duas turnês para os Estados Unidos, em 1990 e 1991. Essas viagens foram importantes porque nesses dois anos comecei a querer desplugar o canal com esse negócio.

Procurou ajuda?
Só você pode te tirar disso, ninguém mais. Você passa por um período doloroso. A abstinência causa uma reação orgânica, aparecem furúnculos na pele. Os anticorpos começam a agir porque o sangue intoxicado de anos não recebe mais a coisa. Fiquei nessa algumas semanas, até que um dia aconteceu de eu acordar sem sentir dores, e pela primeira vez percebi os bem-te-vis do Leblon cantando pela janela. Senti que ali estava resolvida essa história. Nunca mais voltei.

E maconha?
Creio que chegará um futuro em que se desvinculará a maconha da palavra drogas. Maconha é uma erva que pode ser administrada facilmente. Amsterdã, com os cafés que vendem normalmente, prova que as pessoas sabem administrar bem isso. Nada ali se degenerou, não houve podridão na sociedade.

Você fuma para criar?
Sempre que posso. Você aflora sua espiritualidade. Uma substância como o THC te coloca numa espécie de mixagem, onde você consegue discernir as coisas com calma e sem estresse. No processo criativo, o difícil é ter uma fagulha para começar por algum lugar. Você fumando uma coisa vai ter mais calma pra escolher. Claro que cada cabeça é um mundo, mas comigo funciona assim.

Ainda está chateado com Paulo Coelho por ele não ter liberado as músicas para o disco em homenagem a Raul Seixas?
É uma coisa definitiva. Pensei que as pessoas fossem coerentes com aquilo que fazem. Você escreve teu livro falando de amor, bem ao próximo, e pratica o quê? Paulo Coelho faz um trabalho público, as pessoas têm uma imagem dele e o que ele pratica é exatamente o contrário. Outra demonstração de mau-caratismo é liberar uma das músicas que fez com o Raul (“Nasci Há 10 Mil Anos...”) pra novela da Globo (Um Anjo Caiu do Céu) e não para o meu disco. Mas o que passou, passou. Já cumpri minha obrigação com meu amigo Raul.

Que lembranças guarda do relacionamento com Raul Seixas?
A maior delas foi em 1984. Ele tinha brigado com a Kika (viúva de Raul) e passou um fim de semana lá em casa. Conversamos muito, tocamos e fizemos planos de gravar um disco juntos. Numa das manhãs, ele, que batia no meu ombro, pegou umas roupas minhas, foi na farmácia e comprou um tubo de Reativan, aquela bolinha que você toma e fica acordado direto. Me acordou às 7h e queria brindar o Reativan com cuba libre. Acompanhei, porque na época eu estava pegando uma cor no inferno, como se diz.

Acha que Raul foi vítima dessas loucuras?
É o mergulho intenso na vida, como Janis Joplin, Jimi Hendrix. Muitos fãs exigem que o artista se comporte de uma forma tal, mas ninguém pensa que ele pode ter essa opção, “quero ser um camicase”. É triste para uma avaliação social, mas é um direito do artista, porque todas essas pessoas que tiveram esse final sabiam o que estavam fazendo. Sabiam aonde poderiam chegar, até mesmo no ponto extremo que é o de cruzar essa linha, ir para o outro lado.

Luis Edmundo Araújo

http://terra.com.br

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Heroina

A droqa que me domina 

Não é a droga que se vende na esquina
A verdadeira droga de quem sonha
Não é maconha, não é cocaina
O que entorpece, que alucina  
É a verdadiera droga de amor fina  
O que entorpece, enlouquece e domina  
É o brilho contido
Nos olhos da dançarina  
Só sentir seu cheiro já me desatina
Minha heroina, minha heroina
Minha heroina, minha heroina
Estou alucinado por uma menina
Minha heroina, minha heroina
Só sentir seu cheiro já me desatina
Minha heroina, minha heroina
O meu baseado é o amor dessa menina
Você é o meu êxtase
Meu amor próprio
Fina flor do ópio
Para sedução  
Você é meu êxtase  
Meu amor próprio  
Fina flor do ópio
Alucinação
Sou dependente
E ainda acho pouco
Estou ficando louco
Venha me prender
No seu abraço
Está a minha cura
O fim da minha loucura
Começa em você
Minha heroina, minha heroina...
Zé Ramalho

terça-feira, 1 de julho de 2008

Matéria na "Veja"


Zé Ramalho da Paraíba, Zé Ramalho (Coqueiro Verde)

O cantor e compositor paraibano já foi um artista interessante. A prova está nessa coletânea dupla, que traz trechos de apresentações feitas entre 1973 e 1977. A qualidade do áudio às vezes deixa a desejar, mas a receita musical de Ramalho – que incluía música nordestina, psicodelia e rock pesado – até hoje permanece inovadora. O primeiro disco privilegia as canções mais raras de sua discografia. É o caso de Táxi Lunar, com uma letra diferente da versão gravada em estúdio, e do rock Brejo do Cruz. O segundo disco, por seu turno, traz alguns dos hits de sua carreira, como Admirável Gado Novo, aqui apresentado em uma bela versão acústica.

Fonte:
http://veja.abril.com.br/020708/veja_recomenda.shtml

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