sábado, 20 de fevereiro de 2010

A Saga de um Visionário da Música Brasileira

Ao enfocar a trajetória individual desse ícone de nossa música, o documentário "Zé Ramalho, o Herdeiro de Avôhai" celebra ao mesmo tempo a universalidade e a força da arte brasileira plasmada na riqueza de gêneros e expressões de valor incalculável, a despeito das adversidades e dos contrastes sócio-econômicos regionais.

Das origens de menino pobre, nascido na cidade de Brejo do Cruz, no sertão paraibano, ao sucesso nacional, a saga e a obra de Zé Ramalho remetem a desafios pessoais e coletivos, como também interligam as influências regionais com a cultura além fronteiras. Entre desafios e superações Zé Ramalho transpassou limites, até se tornar um patrimônio nacional.
Hoje, dentre milhares de admiradores de todas as idades, gerações após gerações têm comprovado que esse visionário da música brasileira criou uma obra de caráter universal.
O filme é pontuado por referências às fases que constituem a formação e origem da pessoa e do artista. Num primeiro momento, as lembranças de sua infância e adolescência entre Brejo do Cruz (onde nasceu) e Campina Grande, seguido pelas aventuras da juventude na cidade de João Pessoa, onde se construiu sua base intelectual e musical, influenciada pelos movimentos culturais da época, como a Jovem Guarda, os conjuntos de baile, o rock internacional e a literatura surrealista. Por fim, contempla-se a projeção nacional, após a luta para ingressar no mercado fonográfico do eixo Rio-São Paulo, entremeado pelos dramas pessoais, o ostracismo da mídia, a dependência quimica, até o ressurgimento após a superação dos problemas, paralelo ao redescobrimento da mídia e da renovação do público para a sua obra.
Depoimentos de familiares, de vizinhos de infância e amigos do artista, gravados nas cidades de Brejo do Cruz, João Pessoa e Rio de Janeiro, servem como fonte para subsidiar o documentário com informações e imagens sobre momentos e fases marcantes de sua vida.
O documentário mostra ainda um registro do show histórico realizado na Praia de Tambaú (João Pessoa), em janeiro de 2007. Destaque também para imagens das cidades que marcaram a trajetória de Zé Ramalho, pontuando as entrevistas e os clips com canções que se tornaram clássicas da música brasileira como "Vila do Sossego", 'Avôhai", "Jardim das Acácias", "A Peleja do Diabo com o Dono do Céu", "Admirável Gado Novo", "Falas do Povo", "Bicho de Sete Cabeças", "Chão de Giz", "Dança das Borboletas", "Galope Rasante", "Beira Mar", entre outros.
Do ponto de vista da linguagem, vale salientar a busca de uma perspectiva metalinguistica, revelada em alguns momentos através da interação da equipe técnica com os personagens como também através da utilização de trechos de filmes relacionados com a vida e a obra de Zé Ramalho.
A entrevista principal com Zé Ramalho, que serve de guia para o documentário, foi realizada no centenário teatro Santa Roza (João Pessoa), local onde ele realizou seu primeiro show profissional, o "Atlântida", em 1974 e performances emblemáticas do inicio de sua carreira musical.
Outros depoimentos do artista foram gravados na Praia de Camboinha (Cabedelo), no calçadão da Praia do Leblon (Rio de Janeiro) e em seu apartamento no Rio de Janeiro, onde ele reside com a mulher (Roberta Ramalho) e os filhos cariocas (José e Linda).
O filme traz ainda revelações inusitadas de personagens ligados ao tempo em que Zé Ramalho atuou em bandas musicais, ou conjuntos de baile (como eram conhecidos), em João Pessoa. Figuram aqui amigos de adolescência e juventude como: Roberto Lira, um dos fundadores do Grupo "Os Demônios" (onde Zé iniciou sua carreira musical); Floriano Miranda (lider do lendário "Os 4 Loucos", que era o grupo mais famoso da época em João Pessoa); Hugo Leão, que era o lider do Gupo "The Gentlemen" (o mais importante no inicio da formação profissional do artista); Eduardo Stuckert e Onaldo Mendes, produtores de alguns dos primeiros shows do inicio da carreira solo de Zé Ramalho em João Pessoa. Esse período representa o inicio da formação
musical e a importante vertente que bebia e consumia fazendo covers de sucessos da Jovem Guarda e de grupos ingleses como Beatles e Rolling Stones. Isto é, a cultura pop que se instalava no mundo e na Paraíba também.
Conta ainda com a participação de Alceu Valença, Geraldo Azevedo e Elba Ramalho, parceiros de uma geração de artistas nordestinos que chegou ao Sul do país na década de 70 para ganhar a projeção no mercado fonográfico nacional; além de Carlos Alberto Sion, produtor do primeiro disco de Zé Ramalho (Zé Ramalho, 1978), que tornou o artista conhecido nacionalmente como Avôhai, Chão de Chiz e Vila do Sossego, clássicoso da música brasileira contemporânea.

Elinaldo Rodrigues


Da Pedra de Turmalina à Pedra da Gávea

Locações e Abordagens

  • Brejo do Cruz
Cidade do sertão paraíbano onde nasceu Zé Ramalho. Depoimentos e imagens captados no lugar ressaltam as contradições entre a beleza e a rusticidade do ambiente, permitindo impressões paralelas entre o tempo que Zé viveu sua infância e a realidade vivida hoje na cidade.
  • Campina Grande
Onde o artista viveu grande parte de sua infância. A partir de uma música instrumental de Zé Ramalho e imagens históricas de Campina Grande extraidas dos filmes de Machado Bittencourt, "O Herdeiro de Avôhai" faz referência à cidade onde o personagem pela primeira vez na vida teve contato com o rádio, ouvindo cantores repentistas e ícones da música regional como Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga.
  • João Pessoa
O lugar mais importante na iniciação musical de Zé Ramalho. Além dos lugares onde foram captados os depoimentos, destacando-se a beleza e as peculiaridades da paisagem, que ilustram clips com músicas do artista que foram inspiradas em João Pessoa, como "Jardim das Acácias" e "Vila do Sossego".
  • Show em Tambaú
Um show histórico do artista realizado na Praia de Tambaú, em João Pessoa, em janeiro de 2007, com um público de mais de 100 mil pessoas. Trechos do show atravessam o documentário, intercalando as entrevistas.
  • Rio de Janeiro
O lugar foi cenário das fases mais difíceis na carreira de Zé Ramalho, mas também foi onde ele realizou suas primeiras grandes conquistas como artista. Imagens de Zé Ramalho pelo Leblon nos permitem colocar em paralelo o tema das amarguras vividas na cidade, com o luxo e conforto familiar que ele tem hoje. Além dos clips criados com músicas de Zé Ramalho inspiradas no Rio de Janeiro, o lugar é cenário também para gravação de outros depoimentos do artista.
  • Filmes - imagens dos filmes "Conterrâneos Velhos de Guerra (Vladimir Carvalho) - com trilha sonora de Zé Ramalho, "Histórias de Zé Ramalho na Pedra do Ingá" (Otto Guerra) e "A Cana" (Zé Ramalho e Hugo Leão) nos permitem referências históricas e também abordagens metalinguisticas, considerando especialmente a interação de Zé Ramalho com o cinema.
  • Trilha Sonora - algumas das principais canções de Zé Ramalho atravessam o filme em clips ou cantadas e tocadas ao vivo pelo próprio artista.


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

DVD Documentário “Zé Ramalho – O Herdeiro de Avôhai”






Já está à venda o documentário "Zé Ramalho - O Herdeiro de Avôhai" que conta a saga de Zé Ramalho, o documentário é produzido pelo jornalista e documentarista Elinaldo Rodrigues.








Preço: R$ 20,00 + frete

Vendas por depósito bancário

Contato: janelacultural@yahoo.com.br


A Última Nau

O Poema de Fernando Pessoa (A Última Nau) faz parte da Trilha Sonora da novela das 7 'Tempos Modernos' da Rede Globo na voz de Zé Ramalho.


Levando a bordo El-Rei Dom Sebastião,
E erguendo, como um nome, alto, o pendão
Do Império,
Foi-se a última nau, ao sol aziago
Erma, e entre choros de ancia e de presago
Mystério.

Não voltou mais. A que ilha indescoberta

Aportou? Volverá da sorte incerta
Que teve?
Deus guarda o corpo e a forma do futuro,
Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro
E breve.

Ah, quanto mais ao povo a alma falta,

Mais a minh'alma atlântica se exalta
E entorna,
E em mim, num mar que não tem tempo ou 'spaço,
Vejo entre a cerração teu vulto baço
Que torna.

Não sei a hora, mas sei que há a hora,

Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora
Mystério.
Surges ao sol em mim, e a névoa finda:
A mesma, e trazes o pendão ainda
Do Império.

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